PASSADO MODERNO

Grandes casarões ecléticos ricamente decorados dividem espaço com coloridos predinhos art-déco. Residências românticas, com arcos e balaustradas pronunciadas, ficam quase ao lado de shopping centers hermeticamente fechados. Em meio à aquarela de influências arquitetônicas, as construções modernistas se destacam pelas formas pouco convencionais.

 

Quarenta minutos de caminhada – a passos lentos, ideais para apreciar a paisagem urbana – entre a Santa Casa de Misericórdia o final da Rua Dr. Paula Xavier são suficientes para conhecer alguns exemplares do estilo.

 

Apenas duas quadras abaixo do hospital, na rua Cel. Dulcídio, a primeira residência dá as caras: uma construção de pintura verde e branca, já meio desbotada pela ação do tempo. Algumas árvores e a grade atrapalham a visão a partir da rua, mas ainda assim uma grande vidraça e finos pilares de sustentação chamam a atenção. Ao cruzar a próxima esquina, logo após o casarão da Vila Hilda, mais uma: branca, murada, com grandes jardins.

 

Ao seguir em frente por mais alguns metros, o caminho mais indicado é dobrar à esquerda na histórica Rua XV de Novembro. Caminhando mais algumas quadras, o explorador urbano chega até a esquina com a Rua Engenheiro Schamber. Lá, vale a pena olhar para cima. O Edifício Bamerindus, com catorze andares sinuosos e longas linhas de janelas, se espreme em um terreno de aproximadamente 343m², relativamente pequeno para um edifício de tal porte.

 

Na mesma quadra, o Edifício Dr. Elyseu, embora menor, com oito pavimentos, tem características semelhantes: grandes janelas envidraçadas e a presença de quebra-sóis. Um pouco mais a frente, nas proximidades da Praça Marechal Floriano Peixoto, o Clube Ponta Lagoa se destaca com uma fachada imponente.

 

De volta à Rua Coronel Dulcídio, encontra-se a joia da coroa: a casa amarela e incisiva projetada por Vilanova Artigas. Ainda ali por perto, mais duas residências. A primeira, na mesma rua, exibe uma pequena varanda com algumas colunas à mostra. A segunda, nas proximidades do quartel do corpo de bombeiros, se destaca por ter uma das paredes cobertas por um colorido mural. Ambas estão disponíveis para aluguel, por R$ 2000,00 e R$ 3500,00 ao mês, respectivamente.

 

Condenadas à especulação imobiliária, essas duas casas estão sujeitas ao maior risco que as construções modernistas correm na cidade. Nenhum desses edifícios consta na lista de patrimônio histórico tombado – e nem sequer nos estudos para novos tombamentos. Caso não encontrem um interessado no aluguel logo, devem ter um destino tragicamente comum: a reforma que descaracteriza ou até mesmo a demolição.