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CASAS PARA POUCOS

Jeanine Mafra Migliorini é professa de arquitetura das Faculdades Ponta Grossa – antigo Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE). Entusiasta da arquitetura modernista, ela defendeu uma dissertação de mestrado sobre os edifícios do estilo na cidade. Nas 178 páginas do trabalho, ela relaciona as construções ao conceito de poder simbólico, de Pierre Bordieu: morar em uma casa dessas era símbolo de distinção e prestígio social.

 

Ao marcar as construções modernistas da cidade em um mapa, a professora constatou que nenhuma das edificações está longe do centro da cidade. Na década de 50, quando a arquitetura modernista chegou à Ponta Grossa, a cidade já se espalhava. O perímetro urbano crescia em direção aos bairros próximos das ferrovias, onde residiam as classes populares – na maioria das vezes, operários. Viver na região central era privilégio de poucos, e foram esses poucos os responsáveis por trazer a novidade arquitetônica para a região.

 

 “Poucas dessas casas fogem da região central, porque morar no centro era um sinal de status. Essa arquitetura foi trazida para Ponta Grossa pelos formadores de opinião, por gente que tinha ido morar ou estudar fora”, conta Jeanine.

 

De fato, a lista das pessoas que residiram nas casas modernistas inclui figuras notáveis, desde ex-prefeitos a profissionais que hoje são nome de rua. Amadeu Puppi, que ocupou o cargo máximo do executivo municipal entre 1975 e 1977, residia em uma delas, na Rua Coronel Dulcídio, n° 999. Seu antecessor, Luiz Gonzaga Pinto, residia na Rua Paula Xavier, n° 1240 – na mesma casa que serviu de lar para o próprio Therézio de Paula Xavier, médico cujo nome batiza a via.

 

Entretanto, com o passar dos anos, o centro deixou de ser uma área residencial. As famílias abastadas se deslocaram para outros bairros, mais distantes. A região central cedeu espaço para prédios comerciais, que geraram novos usos para as construções. 

Mapa retirado da dissertação de Jeanine Mafra Migliorini

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